DOM CASMURRO

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Escrito em 1899 por Machado de Assis, Dom Casmurro ainda segue considerado um dos maiores romances mundiais realistas. Uma obra que discorre a vida de Bentinho, um sujeito que se apaixona a partir do sentimento de posse e ciúmes pela bela Capitu, sua amiga de infância “com olhos de cigana oblíqua e dissimulada”. Uma obra literária que já percorreu o tempo, mas ainda nos remete a uma atualidade tão realista, quanto sua própria escrita, e quanto a própria crueza da vida há 100 anos atrás. Trazer esse romance para a cena, além de reativar uma obra importante na história literária do Brasil também retoma discussões que parecem morar no passado, mas ainda vivenciamos no nosso cotidiano, como machismo, racismo, e todas as consequências que isso tudo acarreta. Os escritos de Machado de Assis seguem atuais, não sabemos se por somente mérito do autor ou por demérito da sociedade que há dois séculos repete as mesmas histórias. “Dom Casmurro” é uma história recheada de sensações, com um diálogo completamente aberto e direto com o/a leitor/a. Assim segue a adaptação para a cena. Com um diálogo aberto e direto do elenco, com os caminhos das personagens e com a plateia.

o presente do passado

O diferencial deste projeto está no diálogo com o tempo presente para reflexão acerca do racismo estrutural, bem como do patriarcado apresentado por duas mulheres em cena. No tempo em que foi escrito e ambientado (século XIX) Dom Casmurro (o texto original), o que predominava eram as relações patriarcais e escravocratas. As mulheres se encontravam em situação de subalternidade, submissas aos seus maridos, objetificadas e os negros eram subalternos e propriedades dos seus senhores. Assim, nossa montagem aproveita das “reticências” apresentadas no texto original para chamar atenção para o legado destas estruturas que se fazem presentes em nossos dias, por meio de manchetes projetadas, que trazem dados sobre esta realidade, e um exemplo disso é que no mês em que estreamos (novembro de 2020, mês da Consciência Negra), João Alberto Freitas, homem negro, havia sido assassinado em uma unidade do Carrefour. Além da projeção da manchete, trazemos a fala: como é poder ser livre? Livre para ir ao supermercado? Livre para andar? João era um de tantos outros nomes que trouxemos e, de novembro passado para cá, como era de se esperar, o cenário não se modificou, seja de violência contra os negros ou contra as mulheres. Uma história contada sempre por homens traz dessa vez duas mulheres em cena contando e defendendo suas existências a partir da denúncia do machismo e do racismo estrutural. Neste sentido, o teatro enquanto produto social é uma importante ferramenta para trazer reflexões urgentes, e é por este caminho que “Dom Casmurro” segue.

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ficha tecnica

Produção Executiva, Direção e Adaptação Dramatúrgica: Ligia Tristão Prieto

Produção Geral: Gabriella Thais

Assistente de produção: Jessica Santos

Consulta Identitária: Amanda Pessoa

Elenco: Amanda Pessoa, Ligia Tristão Prieto

Musicistas: Caroline Mazeto, Isabela Lopes, Leonardo de Castros e Leonardo de Medeiros

Iluminação: Fernando Averaldo

Assessoria de Imprensa e Social Media: Lethícia Rodrigues

As Preciosas

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A peça é inspirada no livro “Na companhia de Bela”, fruto da pesquisa de Susana Ventura, Cassia Leslie e Roberta Asse e tem direção de Ligia Tristão Prieto. O espetáculo conta a história de três funcionárias de uma máquina do tempo da humanidade, localizada fora da Terra, que precisam acompanhar todos os movimentos vividos no planeta em que elas já estiveram no passado. Eva, uma mulher decidida, é movida pela urgência de encontrar um caminho para um mundo onde todos possam viver; Madalena, a mais nova, é mais leve, sonhadora, acredita que tudo é possível; e
Luci, a mais velha, é debochada, engraçada e calma, mas desacreditada do sucesso do mundo.

Na tentativa de sincronizar a consciência humana com o período cronológico histórico, as personagens trazem à cena As Preciosas, escritoras esquecidas ou anônimas de Contos de Fadas do séc. XVII e XVIII, como a escritora francesa Mademoiselle de La Force, autora da mais antiga versão de Rapunzel, cujos textos chegaram até os tempos atuais assinados por homens.

Para Susana Ventura, a orientadora do Projeto, o espetáculo mostra que mulheres produzindo arte sempre existiram e não podem mais ser apagadas da História “O momento em que vivemos propicia reflexões sobre o apagamento, mas somente ações conjuntas serão capazes de modificar as percepções e sensibilidades de modo a não perpetuar atitudes que tentam anular o que as mulheres fizeram e fazem”

Interpretadas pelas atrizes Lívia Lopes, Renata Cáceres e Ligia Prieto, 90% da equipe é composta por mulheres.
“É uma peça que, além de falar de mulheres escritoras e suas importâncias, é uma luta pelo feminismo. O espetáculo tem um discurso de que nós mulheres não podemos parar de existir, essa luta é de todas nós. É preciso que a gente continue fazendo essa máquina girar”, explica a diretora Ligia Prieto.

sinopse

Eva, Madalena e Luci, são três funcionárias de uma máquina do tempo da humanidade, localizada fora da Terra. Dessa máquina, elas acompanham todos os acontecimentos, movimentos vividos no planeta em que elas já estiveram em algum momento e compõem histórias na tentativa de sincronizar a consciência humana com o período cronológico histórico. Incansáveis, trazem à cena As Preciosas, escritoras anônimas de Contos de Fadas dos séculos XVII e XVIII. Muitos dos contos escritos por essas mulheres, chegaram até os tempos atuais, assinados por homens. As
Preciosas é um convite ao cultivo, ao resgate e a escuta de obras criadas por mulheres, a qualquer tempo.
O espetáculo tem direção de Ligia Tristão Prieto e é baseado no livro “Na companhia de Bela”, fruto
da pesquisa de Susana Ventura, Cassia Leslie e Roberta Asse sobre autoras anônimas ou invisibilizadas dos séculos XVII e XVIII.

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ficha tecnica

Direção e Dramaturgia: Ligia Prieto

Orientação de Pesquisa: Susana Ventura

Elenco: Ligia Prieto, Livia Lopes e Renata Cáceres.

Direção Musical: Sofia Basso.

Direção de Arte: Rafael Henrique.

Figurino: Dayane Bento.                           

Video Mapping: Rafael Mareco

Iluminação: Fernando Averaldo

Produção: Grupo Casa

Rua Visconde de Taunay, 306 –  Amambai – Campo Grande, MS.